JUBILEU DE OURO DE FUNDAÇÃO DOS ALTOS CORPOS DO RITO BRASILEIRO AO CLIMA DE CAMPO GRANDE – RJ

Os encantos da vida (Facebook)
Ir.’. Alfredo Castro

Boa noite.

              A noite de hoje é muito representativa, para todos nós, maçons e não–maçons. Ante o espanto de alguns, passarei a explicar:

          A nossa presença neste Templo decorre da conjugação das vontades dos Irmãos, que nos antecederam e nos escolheram, bem como às de nossos familiares, que concordaram e apoiaram a escolha.

                Na parte relativa aos nossos Irmãos antecessores, a maioria dos quais já no Plano Espiritual (com uma única exceção, que no momento oportuno citarei o nome), convém enfatizar que os mesmos devem ser considerados verdadeiros desbravadores, pois concorreram eficazmente para a concretização de um projeto, iniciado no ano de 1914, interrompido e retomado em diversas ocasiões.

          Para melhor entender o significado desta comemoração, apresentamos a síntese dos relatos contidos nos livros de Atas, da ARLS União Ordem e Progresso nº 1229; do Sublime Capítulo Estrela de Belém nº 006 e do Grande Conselho Kadosh Washington Luís nº 105, donde foram obtidas informações que nos permitiram reconstituir parte da história da implantação dos Altos Graus do Rito Brasileiro neste rincão da antiga Zona Rural do então Estado da Guanabara.

                Nossa pesquisa remonta à época em que a Loja, fundada em 13 de junho de 1948 e regularizada em 26 de dezembro do mesmo ano. Passando a ser denominada de Loja Capitular em 06 de outubro de 1949, pois em certas ocasiões, encampava os três primeiros graus simbólicos, além dos chamados superiores, indo até ao Grau 18 (Sublime Capítulo Rosa Cruz do REAA∴) e realizava sessões conjuntas, com as Lojas Olegário Maciel (Bangu) e Octacílio Camará (Santa Cruz). Sendo utilizada tal designação até 04 de dezembro de 1968, quando foram alçados ao Grau 9, os Irmãos Irá de Souza Pinto e Romeu Medeiros Filho.

               Para melhor entender as circunstâncias que deram ensejo à criação das Oficinas dos Altos Graus, convém salientar a existência de um divisor de águas, que é conhecido pelo nome de Manoel Camargo. Foi um excepcional Irmão. De voz tonitruante e gestos largos, às vezes rudes, teve atuação marcante, nos seus noventa e tanto anos de existência terrena.

              Em razão do longo período em que esteve à frente da administração da Loja (quinze anos, aproximadamente), o Irmão Manoel Camargo estabeleceu fortes laços com o Poder Central. Tal fato viria a conduzir a uma aproximação com o então Grão–Mestre Geral Álvaro Palmeira (cuja história de vida foi objeto de um concurso literário, no ano 2020, realizado pelo GOB–RJ).

              O entrosamento entre esses dois personagens foi tão intenso e proveitoso, que culminou por influenciar os integrantes da então Loja Capitular União Ordem e Progresso, os quais resolveram ouvir uma explanação sobre o “novo” Rito, afim de se definirem.

             No dia 13 de novembro de 1968, os Irmãos que estavam presentes na reunião, tomaram conhecimento do advento de um novo modo de vivenciar a Maçonaria, assistindo, extasiados, uma palestra ministrada pelo Ex–Soberano Grão–Mestre Geral Álvaro Palmeira, que falou pausadamente, explicitando as dúvidas que surgiram, não deixando margens para contestações.

              Naquela ocasião, o Templo estava cheio, pois vieram Irmãos que integravam as seguintes Lojas: Barão de Teffé (Itaguaí), Independência II (Cascadura), Octacílio Camará (Santa Cruz), Fraternidade e Civismo (Centro) e do Supremo Conclave do Brasil. Na ocasião, o palestrante enfatizou que: “pode sentir a necessidade de uma profunda reforma na Maçonaria. E que, o Rito Brasileiro não suprime nenhum fundamento vital da Filosofia Maçônica, mas procura adaptá–los à uma realidade atual.”

              Numa das reuniões seguintes, os Irmãos deliberaram pela mudança do Rito, que até então era praticado. Fizeram a opção de aderir ao recém reimplantado RITO BRASILEIRO.

         Ora, logicamente, em decorrência da mudança de Rito, o prosseguimento dos estudos dos Altos Graus também sofreria alterações, face a diferença em seus conteúdos, seja o pedagógico, o ritualístico e o doutrinário, pois a abordagem era muito diferente, para não dizer, revolucionária.

            Assim, o Capítulo Estrela de Belém (Grau 4 ao 18) e o Grande Conselho Kadosh Washington Luís (Grau 19 ao 30), foram criados para atuar sob o pálio do Rito Brasileiro.

            Ainda em vida, o Irmão Manoel Camargo chegou a nos relatar (a mim e ao Irmão João Bosco Laviola) que tivera a ideia de “batizar” as Oficinas dos Altos Graus com esses nomes, mencionando, ainda, que tivera a grata satisfação de, por telefone, ter informado diretamente ao “Professor Álvaro Palmeira”, como carinhosa e respeitosamente ele chamava o Reimplantador do Rito.

              No dia 27 de outubro de 1971, aqui neste Templo, foi levada a efeito a instalação, eleição e posse da Diretoria do Grande Conselho Kadosh Washington Luís nº 003, que ficou assim constituída:

                – Manoel Camargo 33 – Grande Prior
                – Horácio Augusto Pereira 30 – 1º Grande Vigilante
                – José Carlos Rocha Borges 30 – 2º Grande Vigilante
                – Barcelos 30 – Grande Orador
                – Clementino de Almeida Câmara 30 – Grande Secretário
                – Vidal Alves da Costa 32 – Grande Tesoureiro/Hospitaleiro
                – Miguel Antonio Pereira 30 – Grande Chanceler
                – Manoel Lourenço Filho 30 – Grande Mestre de Cerimônias
                – Balthazar Gomes 30 – Grande Guarda do Templo
                – Manoel Lúcio da Rocha 30 – Grande Experto e,

                – Raymundo Ferreira de Souza 30 – Grande Porta Estandarte

                Na data acima mencionada, uma Comitiva do Supremo Conclave se fez presente. Tendo o Irmão Álvaro Palmeira, então Grande Instrutor do Rito, presidido a Cerimônia; naquela oportunidade, funcionou como Grande Mestre de Cerimônias, o nosso Irmão Nei Inocencio (aqui presente. Não falei que temos um remanescente?); o Irmão Milton Gomes da Silva, foi o 1º Grande Vigilante; o Irmão Cândido Ferreira de Almeida, fez 2º Grande Vigilante; e, o Irmão Horácio Augusto Pereira, foi o Grande Cobridor, dentre outros Irmãos.

             Quando afirmamos anteriormente, que os nossos antecessores foram os precursores do Rito Brasileiro, na Zona Rural do antigo Estado da Guanabara, não estamos exagerando, senão vejamos:

            – o nosso Irmão Manoel Camargo possuía a inscrição nº 001 do Rito;
            – foi incansável incentivador da mudança de Rito da ARLS União
Ordem e Progresso, do REAA para o Rito Brasileiro;
            – foi co–fundador da primeira Loja reimplantadora do Rito Brasileiro (a ARLS Fraternidade e Civismo);
            – foi fundador das Oficinas de Altos Graus, foi Presidente (Grande
Prior) do Conselho Kadosh Washington Luís, nos períodos de 1971 a 1980 e 1983 a 1988;
           – e, por fim, foi Grande Regente do Rito (substituto do Soberano
Grande Primaz), no período compreendido entre 09/11/1989 e 10/07/1990.

          O Irmão Adhmar Flores que foi iniciado em nossa Loja, chegou a ocupar o cargo de Grande Primaz do Rito Brasileiro.

          O Irmão Irá de Souza Pinto foi membro efetivo, ocupando o cargo de Secretário da Magna Reitoria, bem assim o Irmão Sergio Pimenta Ferreira também foi membro efetivo.

           Atualmente, o Irmão Jorge Romeiro ocupa o cargo de Delegado Litúrgico, enquanto que, eu e o Irmão Vinicius, somos Membros Efetivos, enquanto que o Irmão João Bosco Laviola é Membro Emérito do Supremo conclave do Brasil.

          A propósito, o Jornal “O SEMEADOR”, veículo de divulgação do Centro de Estudos Maçônicos do Rito Brasileiro, iniciou seu funcionamento na Rua Ismael Neri, nº 145, aqui em Campo Grande, no mês de abril de 1969. Ainda sem condições de afirmar, com certeza, parece que o local pertenceu ao Irmão ADHMAR FLORES.

           O tempo foi passando e, os laços foram ficando mais fortes e resistentes, culminando por, no ano da realização da 1ª Convenção Nacional do Rito Brasileiro, mais precisamente, na sessão do dia 16 de junho de 1974, o então Grande Primaz Cândido Ferreira de Almeida ter afirmado que o “Grande Conselho Kadosh Washington Luís era o único do Estado e estava preparado para mostrar aos Irmãos toda dimensão e significado do “simbolismo” do Grau 30, Missionário da Filosofia”. Inclusive, na semana seguinte (22/06/74), três Irmãos de Goiânia, dentre os quais, o Irmão Oclécio Pereira de Freitas que, mais tarde foi Grão–Mestre do GOB do Estado de Goiás, foram alçados ao Grau 30, neste Templo.

              Anos mais tarde, por ocasião da comemoração da Semana da Pátria, na sessão do dia 04 de setembro de 1976, temos o registro da presença de personagens marcantes, a saber: o Grande Primaz Cândido Ferreira de Almeida, o Senador Nelson Carneiro, os Deputados Federais Alcir Pimenta e Daniel Silva, o então Administrador Regional Moacyr Bastos, os Presidente da Associação Comercial e Industrial e do Rotary Club, Antônio Vinhas e Ivani Rodrigues, respectivamente, bem assim o Sr. Subcomandante do Regimento de Cavalaria (não consta o nome).

            Na sessão de 25 de outubro de 1995, o nosso Soberano Grande Primaz Nei Inocêncio asseverou que “o Kadosh está preparado e bem montado, podendo iniciar Irmãos de outros Estados, quando necessário”, tal qual o seu antecessor afirmara a 20 anos.

           Muitas das vezes, quando aqui chegamos, ficávamos chocados, quando o Irmão Manoel Camargo dizia alto e bom som que: “NÃO BASTA SER MAÇOM, TINHA QUE SER DA LOJA UNIÃO ORDEM E PROGRESSO!” ou então, “AQUELE QUE CHEGOU AQUI E DISSE QUE NÃO ENCONTROU NADA, FOI PORQUE NADA TROUXE!”. Hoje, um pouco mais amadurecido e tomando conhecimento da sucessão de eventos extraordinários vivenciados por nossos antecessores, a ficha “caiu”! Nosso decano não estava desmerecendo nenhuma das Lojas existentes na Zona Oeste, nem tampouco afrontando aos Irmãos dessas Oficinas, se vangloriando.

              Entendamos a mensagem cifrada, pois todo ensinamento angariado na Maçonaria é transmitido de forma simbólica. O aprendizado é lento e gradual; a informação está na sua frente, mas somente será captada em ocasião futura. Interpretando aquelas afirmativas, é possível se chegar à seguinte conclusão: foi a maneira que ele encontrou, para externar sua satisfação, por haver sido um dos artífices desta Grande Obra, que é a Loja União Ordem e Progresso, de onde se originaram diversas outras Oficinas, simbólicas (Marechal Mascarenhas de Moraes; Abraham Jabour; Príncipes do Real Segredo; Nova Esperança de Campo Grande) e filosóficas (Capítulos Estrela de Belém e Barão de Teffé; e, Conselho Kadosh Washington Luís), no seu sentir foram sementes lançadas a partir daqui, as quais se desenvolveram e frutificaram abundantemente.

              Ora, quem não teve oportunidade de abeberar naquele manancial de conhecimentos, por não ter convivido com aquele baluarte da Maçonaria da Zona Oeste, realmente perdeu uma singular oportunidade. Foi um caminhoneiro, rude, brigão e pouco instruído, numa determinada fase da vida. Porém, se tornou empresário e, ao ingressar na Ordem Maçônica, tomou gosto pela leitura, vindo a ser um autodidata, possuindo um invejável acervo de livros, que desapareceu com o advento de sua passagem para o Oriente Eterno.

              No Capítulo Estrela de Belém, que tem por incumbência a promoção do aprimoramento do caráter, os ideais maçônicos, as virtudes e os valores morais do Maçom individualmente, teve a subida honra de alçar ao Grau 18, ilustres Irmãos, dentre os quais nossos Sereníssimos Irmãos Cesar Roberto Daniel Dourado e José João Machado (aqui presente), Membros Efetivos do Supremo Conclave do Brasil. O Capítulo foi dirigido por valorosos Irmãos, a saber: João Figueira; Gilberto Reinaldo; Paulo Edgard Mello; João Bosco Laviola; e, atualmente, está sob a batuta do Irmão Rogério dos Santos Oliveira.

          O Grande Conselho Kadosh Washington Luís oferece ao seu integrante a possibilidade de ser exercitar na reflexão sobre o conhecimento humano, com enfoque na Filosofia. Nele é colocado à disposição do Maçom o embasamento para a formação do homem social, indicando as ferramentas para a construção, no Presente, do embasamento do Futuro. Aqui se descortina todos os segmentos da atividade e da cultura humana.

            Ao longo dos seus cinquenta anos, Grande Conselho foi administrado por ilustres Irmãos, além do Manoel Camargo. Por dever de justiça, citaremos os nomes de alguns Irmãos, sendo que alguns deles já estão no Plano Espiritual: Demar Gomes Bethencourt; José de Almeida Rocha; Natanael Alves da Silva; Silvério Paes Tavares; Sérgio Pimenta Ferreira e, atualmente, o Irmão João Bosco Laviola.

           Naturalmente, esta travessia não foi realizada por um ou dois integrantes das Lojas acima mencionadas. Foi um esforço conjunto, foi uma comunhão de propósitos, com alguns desacertos, inúmeros equívocos e atritos, que, em certas ocasiões resultaram em afastamentos, alguns temporários, outros definitivos. Mas, nada disso impediu ou desmobilizou os Irmãos aqui presentes, os quais realizaram um feito digno de ser consignado nos Anais dessas Lojas. Refiro–me à construção do Templo destinado exclusivamente aos Altos Graus do Rito Brasileiro, iniciativa do Irmão João Bosco Laviola, que buscou recursos financeiros junto ao Grande Oriente do Brasil no Rio de Janeiro, junto ao Supremo Conclave do Brasil, bem assim com Irmãos ativos e inativos, os quais aderiram à proposta inovadora.
          Agradecendo ao Supremo Arquiteto do Universo, por ter nos permitido estar juntos na noite hoje, desejo a todos um feliz e seguro regresso às suas residências.

               Grato pela atenção.